sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A Desumana Vontade de Potência


   Ler Nietzsche é de fundamental importância para a compreensão de determinados mecanismos psicológicos que, entre outras coisas, tendem a permear o mundo de uma culpa e ressentimentos que não são reais, já que fomentados através de um mecanismo maquiavélico que convertem em mal tudo aquilo que, na verdade, é bom. Este insight de Nietzsche possui, podemos afirmar, uma verdade eterna e funciona mesmo quando analisamos, por exemplo, discursos de viés socialista - Nietzsche tinha uma aversão visceral ao marxismo ou ao socialismo por causa da utilização venenosa desses movimentos da moral na instilação do ódio e desconfiança em meio as pessoas.

   A estrutura do pensamento nietzscheano jamais pode ser dispensada e deve sim ser estudada. No entanto o conceito de liberdade absoluta ou de "vontade de pontência", assim como a ideia de "abolição da moral", ou mesmo a ideia de que é o mais forte quem cria a moral, o Super-Homem - ideia que antes de ser concebia por nietzsche já fora destruída por Dostoiévsky (que escreveu ideias seminais que Nietzcshe veio a desenvolver posteriormente) -, é, se não pernicioso, fundamentalmente perverso e que se levada a cabo poderia fazer emergir o Caos através de uma batalha apocalíptica entre deuses no alto da torre do Mundo, como disse G. K. Chesterton.


   Uma coisa é ler Nietzsche, outra coisa é reter aquilo que é bom, e outra coisa completamente diferente é transforma-lo de maneira imerecidamente em uma pedra angular de reflexão para uma moral cristã ou humana que ele mesmo detestava e que ele mesmo não possuía. A suposta máxima nietzscheana de que a moralidade é imoralidade é uma das coisas mais desumanas que existe, pois, entre outras coisas, ela não leva em conta as limitações humanas, a incapacidade da comunidade humana de viver por meio de saltos, já que lerda demais para refletir sobre o fundamento das convenções, prescindindo delas, pois tal liberdade advinda da abolição dos costumes é - como ele sabia - para quem tem nervos de ferro. Mas o homem é pó e cinza, é uma flor cuja glória não dura um dia, condicionado por todos os lados. A vontade de potência é algo a ser exercido por poderosos e, sempre e sempre, mesmo a contra-gosto dos sensíveis, em detrimento dos mais fracos. É o princípio do afundamento em uma loucura que o próprio Nietzsche experimentou.

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