quarta-feira, 21 de outubro de 2015

A Filosofia, a Arte, a Religião e a Essência



   A Filosofia não é criação, mas apreensão, em nossos limites, da própria RAZÃO - ou melhor: a Filosofia está em ser apropriado e eleito pela própria RAZÃO. Também a arte não é criação absoluta se não a habilidade de manejo das possibilidades estabelecidas da natureza, ou a tradução da RAZÃO para uma realidade finita, onde aí mesmo se faz visível o infinito - assim como vemos na revelação de Cristo que nada mais é do que a encarnação do Verbo, ou seja, a união entre o infinito (o divino) com o finito (a natureza carnal humana), o que desemboca no Absoluto.

   Assim também a poesia e a arte são constitutivos da própria natureza, assim como o é a música. Desta forma o universo, o cosmos, os planetas e estrelas são poéticos em si mesmos. Possuem uma Harmonia que é a Ideia original da própria arte, da religião e da Filosofia. Trata-se de algo vivo, sendo ao homem dada a feliz faculdade da tradução desta realidade ou desta RAZÃO das coisas, e mesmo a apreensão das próprias possibilidades desta Grande Realidade, de maneira que a arte é uma forma, também, de busca pela união entre o finito e o infinito. O artista ou mesmo o poeta são sacerdotes, são pessoas que mediam o Absoluto, que transfiguram a natureza através das suas próprias possibilidades - incluindo as possibilidades do artista, do religioso e do filósofo -, que unem as coisas às suas essências e que aproximam o mundo de sua própria Verdade - da qual se encontra alienada pelo afastamento e pela negação de sua Essência -, apontando para aquele princípio de identidade que as coisas possuem com o Eterno. Nesse sentido, Schelling afirma:

   "A filosofia também é poesia, mas não tão inconvenientemente a ponto de ressoar a partir de um único sujeito [o filósofo isolado do Mundo ou do Universo]. Ao contrário, ela é uma poesia interior, implantada no objeto, tal como a música das esferas celestes. Pois, originariamente, é a coisa que é poética, só depois o é a Palavra." (SCHELLING, F. W. J. von. Aforismos à Introdução à Filosofia da Natureza & Aforismos Sobre a Filosofia da Natureza. p. 47,48)

   Assim se estabelece os meios que constroem os caminhos para a obtenção do sentido do próprio homem e da revelação daquela Essência Universal sem a qual o próprio homem nada é, e fora da qual ele não pode ser. No entanto o homem, hoje tão alienado e afastado de sua própria essência, tende a ignorar esta grande dádiva de Deus, que em todos os momentos dá testemunho de Si mesmo - que é a Verdade - através de todas as coisas e em todas as coisas, e que, não obstante, se estabelece como o único meio para a salvação do próprio homem. Assim o homem continua a se afastar, ao abusar da sua liberdade neste constante afastamento, negando o grande dom da Vida e a sua Essência mesma.

OBS: Na foto F. W. J. von Schelling

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