sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Aristóteles e a Importância da Distinção entre o Substancial e o Acidental no Trabalho de Interpretação

    Na obra "Da Interpretação" de Aristóteles há uma reflexão profundamente interessante sobre sujeito e predicado, envolvendo a questão das derivações impróprias (ou petições de princípio) - algo que deveria ficar gravado na cabeça de todo mundo.

    Aristóteles reflete que nem tudo aquilo que é predicado de um sujeito envolve necessariamente uma outra predicação, assim como nem sempre a realidade de uma substância envolve necessariamente certo predicado. Por exemplo: Constatar que o homem é branco e inteligente não necessariamente envolve a conclusão de que o homem é inteligente porque é homem ou porque é branco.
    Falácias de derivações impróprias são comumente encontradas em reflexões pobres que são usadas de forma desenfreada principalmente em debates pesadamente ideológicos.
    Um exemplo disso é que quando você defende os pobres, quase que por necessidade alguns grupos associam a isso a defesa do aborto e da liberação das drogas. A questão é que, no campo da lógica, a defesa do pobre não pode significar necessariamente a defesa da liberação do aborto, e nem mesmo a liberação das drogas, como se pessoas de alta classe não quisessem e nem fossem extremamente interessadas em aborto e nem em liberação das drogas.
    Preste atenção em algo: ser pobre (predicado) é algo acidental ao homem concreto (substância primeira - ou mesmo ao homem como gênero), e não algo substancial, pois ser homem não é o mesmo do que ser necessariamente pobre e muito menos ser pobre é necessariamente precisar da liberação das drogas e do aborto - o que é um reducionismo grotesco e ofensivo ao próprio homem pobre.
    O que se pode concluir é que se a grande massa de pessoas soubesse classificar a diferença entre o substancial e o acidental, mais da metade dos problemas na área da política já teriam sido sanados, já que essas pessoas estariam livres das falácias que tendem a ser a forma da linguagem própria de grande parte do discurso ideológico e político.

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