A despeito do gênio de Dooyeweerd, seu trabalho deixa a sensação de que busca uma purificação da filosofia e teologia cristãs que é simplesmente impossível dada a constituição do próprio Novo Testamento.
A questão é que vários termos gregos utilizados principalmente por Paulo se referem à filosofia popular de base helênica, termos esses cujo uso remonta ao período "iluminista" do povo judeu, período situado em uma época anterior próxima ao nascimento de Cristo (séc. IV a I a.C.
Termos como aretē, koinōnoi, physéōs, syneídēsis, tá kathēkonta, prónoia [virtude, participação, natureza, consciência, o que convém, providência] são termos bíblicos discerníveis à luz da filosofia popular helênica que penetrou a mentalidade judaica da diáspora, terreno que formou filósofos como o judeu Fílon, assim como o grupo que nos forneceu Paulo e do qual surgiu - como resta óbvio - os cristãos helênicos.
A fusão da mentalidade hebraica e helênica é ainda mais visível na mentalidade dos apologistas como Aristides, Atenágoras e Teófilo, os quais demonstram não uma ruptura com o pensamento paulino, mas antes uma continuidade.
Assim, a ideia de uma "antítese" bíblica absoluta é, em sentido cristão, algo impossível, pois o cristianismo, a exemplo dos profetas e poetas do AT que se serviram de muito material religioso egípcio e cananita, ressignificando-o à luz da fé israelita, também se serviu de imenso material helênico e hebraico, fundindo-os em uma síntese superior à luz da revelação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário