O Ed René é hoje um desafio, e só alguém como ele pode ser assim em virtude da sua inteligência. E o difícil de discerni-lo para quem se compromete de verdade em querer entender o que ele diz é que, de fato, há uma profusão tanto de verdades quanto de equívocos em sua fala, coisas as quais ele pode articular bem porque possui uma inteligência acima da média comum das lideranças pastorais brasileiras. E visualizando o estado deplorável que a igreja no Brasil se encontra em relação a um conhecimento substancial a respeito da fé cristã - o que resulta nas atrofias fundamentalistas (que de fato são problemáticas) e liberais pseudo esclarecidos (quem tem muito a ver com a ala do Ed René) -, desse evento lamentável podemos esperar coisas ruins.
Para alguns pode parecer incrível o que irei falar, o que não deixa de ser verdade por este fato ser pouco reconhecido: a igreja brasileira, e me refiro aqui à ala evangélica, precisa de uma injeção de conhecimento cristão, principalmente em se tratando dos seus líderes, caso contrário os anos à nossa frente só nos reservará barbárie camuflada de "evangelho", o que das impiedades é a maior. Tendo isso em vista, o Ed René não é um problema em si mesmo, mas sim um sintoma de uma coisa muito pior, coisa que cresceu na sombra de uma negligência a qual, de certa forma, caracteriza o tipo muito "prático" que permitiu o crescimento rápido das igrejas evangélicas no Brasil, e tudo às custas de colocar de lado uma formação cristã mais sólida.
Especifico: o tipo de retórica antireligiosa do Ed René é um terreno fértil para um tipo de cristianismo legalista que é o alimento comum em nossas igrejas, fruto sim da evangelização americana muito mais preocupada com questões morais do que com questões teológicas. Esse ambiente proporciona frustrações produzidas em escalas industriais. Aliada a isso está aquele tipo de fé ensandecida e profeteira que está muito distanciada da pregação paulina da graça e mesmo do sermão da montanha. Nesse terreno deprimente, ser capitulado pela retórica anti-religiosa do Ed René não é algo incrível, mas é a consequência mesma de um tipo de espiritualidade doentia oferecida a granel em nosso pobre país. Um país que tem que escolher entre um Ed René e um Silas Malafaia está verdadeiramente em maus lençóis, pois não há nenhum aliado mais promissor de um herege pseudo-esclarecido do que um pseudo-ortodoxo grosseiro e tacanho, e nem há um aliado maior de um pseudo-ortodoxo grosseiro e tacanho do que um herege pseudo-esclarecido.
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