quinta-feira, 19 de março de 2020

A Inteligência da Fé e o Mandamento

   Quando Jesus inclui entre um dos mandamentos o "amar a Deus com todo o entendimento", geralmente não se presta tanta atenção na significação profunda implícita nestas palavras. No texto grego de Lc 10.27d a palavra que é traduzida por mente é "dianóia". No contexto grego essa palavra era bem conhecida, e, por exemplo, mesmo entre os peripatéticos (filósofos de linha aristotélica) as grandes virtudes eram divididas em virtudes éticas e virtudes dianoéticas, ou - traduzindo - virtudes morais e virtudes intelectuais. As virtudes, por sua vez, são consideradas literalmente como poderes do homem, e um grande homem nesse contexto era um homem revestido de grande poder moral e intelectual. E é extremamente significativo que a revelação (Novo Testamento) tenha sido registrada na língua grega e tenha se deixado impregnar desse tipo de significado - levando teólogos cristãos do início da Igreja, como Orígenes, a considerarem que Deus era apenas apreendido pela parte superior da alma onde habita o intelecto humano, parte superior (a mente) que para ele era a imagem de Deus no homem.
    Tendo em vista tudo isso, uma das conclusões a que chego é que é buscar ser inteligente e apreender a Deus com a mente para cristão não é uma opção, mas um mandamento.

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