quinta-feira, 19 de março de 2020

Calvinho e a Necessidade Relativa da Expiação na Cruz

   Na teologia da Substituição Penal defendida por Calvino, não há nada que indique que o perdão do pecado exige absolutamente castigo, mesmo o castigo substitutivo a que Cristo voluntariamente se submeteu para trazer satisfação pelos nossos pecados. A prova disso está na Inst. II.XII.I, onde Calvino diz:
   "Agora foi-nos de máxima importância que fosse tanto verdadeiro Deus quanto verdadeiro homem aquele que houvesse de ser o Mediador. Se da necessidade disso se indaga, não houve, de fato, uma necessidade simples, ou, como dizem geralmente, absoluta. Procedeu, antes, do decreto celeste, de que dependia a salvação dos homens. Mas, o Pai clementíssimo decretou o que nos era melhor".
   Rigorosamente essa é a mesma posição de Tomás de Aquino na Suma, visto que por necessidade simples, ou absoluta, se diz das coisas demandadas pela essência divina (sem as quais Deus não pode ser o que é); e por necessidade relativa ou hipotética, se diz das coisas que Deus faz por vontade, não implicando em necessidade, tais como suas obras exteriores (criação, redenção, encarnação etc.).
   Daí é possível ver como é tremendamente falaciosa a afirmação de que Deus "precisa" castigar o pecado para o perdão (como teóricos da N.P.P. afirmam), já que pertencendo do à ordem dos decretos, a forma da expiação é algo estabelecido exclusivamente por Deus e só por Deus (conf. Atanásio, Agostinho, Tomás de Aquino, Lutero, Calvino etc.), não ocorrendo por uma demanda exterior a esta vontade.

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