quinta-feira, 19 de março de 2020

Sem Satisfação Deus não Perdoa o Pecado

   É sintomático que a doutrina da expiação de Tomás de Aquino esteja, tanto na Suma Teológica como na Suma Contra os Gentios, localizada na mesma parte em é tratado o tema da encarnação, como se uma coisa fosse organicamente ligada à outra. E outra: mais especificamente, a encarnação [cujos temas ele trata na mesma linha da teologia de Santo Atanásio] está ligada à expiação na Cruz.
   Na SCG IV.LIV, o aquinate afirma: "Além disso, pela tradição eclesiástica nos é ensinado que todo o gênero humano foi infectado pelo pecado. Ora, é próprio da ordem da justiça divina, como se depreende do que acima foi dito [sobre o como se libertar do pecado - mediante a satisfação vicária], que sem satisfação Deus não perdoa o pecado. Ora, nenhum simples homem é melhor que a totalidade do gênero humano" etc., o que, para Tomás, demandou a morte de Cristo na Cruz.
   Mas a título de esclarecimento, tal demanda trata-se de uma demanda que se dá na linha dos decretos, e não na linha da essência divina, ainda que realizada sob uma exigência da justiça [cf. Owen cria, p.ex.], pois só Deus é quem cria os meios de expiação. Contudo, é óbvio que para Tomás de Aquino, obedecendo a uma economia, a Cruz se torna inevitável no plano histórico em virtude dos mesmos decretos divinos (Lc 22.42).

Nenhum comentário:

Postar um comentário