"Todo ser necessário por si mesmo é bem puro e perfeição pura; e o bem em geral é o que todas as coisas almejam e pelo qual aperfeiçoam seu ser"*. (Avicena).
Filosofia sem metafísica é o trabalho inútil de uma mente falida - de uma humanidade falida que desmancha na ausência de um objeto absoluto no qual ela pode visar e adquirir para si inúmeras e infinitas perfeições.
Essa é uma das razões pelas quais a filosofia moderna é tão feia, caótica e disforme. Essa é a razão também pela qual a ética moderna é tomada por várias deformações, pois seu fim é nada, suas metas desmancham no ar ao cerrar sua atenção nas ambições do momento que fizeram de um horizonte meramente temporal (que desvanece) seu próprio fim.
O mundo moderno perdeu seu referencial absoluto porque tem fobia da eternidade, lançando-a para fora de suas considerações julgando com isso alcançar a liberdade. E o que ganha com isso? O nada, o nada que para ser atingido deve gangrenar tudo o que existe, desfazendo tudo é. Parece que não se vê disso a consequência: ao abandonar o ser necessário, a única coisa que alcança, em direção ao nada, é a morte.
A ética e a filosofia modernas são, no fim, necrologia, culto à morte e amor pela deformação, pois destituída de um fim último permanente que poderia conceder a ela definição, forma, beleza.
O banimento de elementos metafísicos é o que encurtou a visão da filosofia, o que fez também encurtar a humanidade, tirando dela a sua grandeza; retirou a sua noção de bem pelo qual todas as coisas tem para si sua perfeição e pela qual, unicamente pela qual, podemos fazer um juízo a respeito da maldade do mundo, nos colocando a salvo dele na visualização do supremo e eterno bem.
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*AVICENA (Ibn Sīnā). A Origem e o Retorno. ed. Martins Fontes, São Paulo-SP, 1ª Edição 2005. p. 24
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