segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Milagre!

    A promessa divina sobre Abraão tem início logo na sua vocação em Gn 12. Lá é prometido ao patriarca que dele seria feita uma grande nação. Somente em Gn 13.14, 15 é que é feita explicitamente a promessa de uma terra. Deus ordena todas essas promessas segundo uma finalidade específica, que é demonstrada em Gn 18.19: Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guarde o caminho do SENHOR e pratique justiça e juízo; para que faça vir a Abraão o que dele tem dito. Em sentido estrito, Deus escolheu Abraão a fim de criar uma raça piedosa, de maneira que partindo de Abraão um povo fosse constituído em observância estrita à Palavra do Senhor. Deus prometeu duas coisas: um povo e uma terra para o povo, e em sentido mais profundo, Deus estabeleceu a partir de Abraão a nação que acolheria em seu seio o Seu Filho, a Palavra feita carne, pelo qual a humanidade alcançaria a remissão dos seus pecados.

É significativo que em uma condição natural quase impossível Deus fez surgir a nação de Israel. Abraão, quando do nascimento de Isaque, já contava com 100 anos e Sara com 91 anos. E não só isso, Sara era estéril, incapacitada de dar à luz filhos a Abraão. Nesse estado de coisas o nascimento do projeto divino começa à luz de um milagre, como o projeto divino de redenção deve ser: um milagre. Assim, a história de Israel não deve ser visto apenas como uma coleção de fatos históricos que se deu no fluxo dos tempos, mas também como uma coleção de milagres pelos quais Deus, o Senhor, sinaliza a sua presença na história da redenção humana. Aqui Deus sinaliza diversos motivos que confluem para o estabelecimento da mensagem de que Deus, o Senhor, rompe com a mera configuração natural do mundo, movendo os olhos dos homens para além do mundo, lá onde se localiza a sua verdadeira redenção e esperança.

    Israel nasce do milagre, e Isaque (יִצְחָק), aquele é motivo de sorriso, indica a alegria gratuita daqueles que nada podendo esperar de si e de suas capacidades naturais, são alçados pela graça do Senhor, graça que confirma o amor livre de Deus que não sabemos de onde vem e nem menos para onde vai, já que não podemos detectar a sua origem precisamente e nem mesmo o seu fim, fim que nenhum olho viu e nenhum ouvido ouviu. Assim é a graça de Deus e diante dela a única coisa que podemos expressar são nossas ações de graça, nosso agradecimento sincero que surge pela irrupção imerecida de Deus na história, que intervindo na ordem natural das coisas, sem destruí-la, ao mesmo tempo que a elevando, nos fornece bens superiores em manifesto cuidado amoroso pela criatura que somos. Assim a história de Abraão é a história de todos nós que cremos na bondade de Deus contra toda esperança.  

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