quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

A Quem Escolheu Deus?

    Um dos livros mais usados por Paulo é literatura de Gênesis, pois ela oferece aportes teológicos importantes para assuntos como a absoluta liberdade de Deu, justificação pela fé, pecado original (ou a Queda de Adão), a natureza da circuncisão, o batismo (tomando a analogia da circuncisão a fim de falar a respeito do batismo), assim como a predestinação. No texto de Rm 9.6-13 Paulo discorre sobre Gn 25.21-23. No texto de Gênesis é dito que Rebeca se angustiava pois seus filhos lutavam já em seu ventre. Consultando o SENHOR Rebeca recebeu a seguinte resposta: Duas nações há no seu ventre, dois povos, nascido de ti, se dividirão: um povo será mais forte do que o outro, e o mais velho servirá ao mais moço. O propósito de Paulo é afirmar a absoluta liberdade de Deus em eleger um e rejeitar a outro, mesmo antes do nascimento, não tendo praticado eles quer bem, quer mal. Uma explicação é necessária, pois desses versículos não raro surgiram acusações a respeito da injustiça de Deus.

Pois bem, sinalizamos aqui a percepção teológica de Paulo a respeito do nascimento de Esaú (עֵשָׂו = ’ēsaû), que significa peludo, e Jacó (יַּעֲקֹב = yă’akōb) que significa pegar no calcanhar, ou mesmo suplantador e defraudar. Lembrem do juízo divino sobre a descendência da serpente que iria ferir o calcanhar de Cristo (Gn 3.15). O nome de Jacó tem um sentido expressivo de perversidade, ou engano como característica do nome que o possuí. E é mais incrível que Deus tenha escolhido Jacó e preterido a Esaú. Não se trata de premiar o mal, antes se trata de assinalar a liberdade em graça de Deus para escolher um povo para si. Paulo anteriormente em Rm 3.23, antes de se deter na eleição de Jacó, afirma que todos estão destituídos da glória de Deus. Em Ef 2.1ss Paulo diz que todos nós estávamos mortos (νεκρος = nékros) quando ele nos deu vida (ζωη = zōē). Ora, assim entendemos que é Deus quem dá o primeiro passo para a salvação por nos conceder graça, pois, Ele nos amou primeiro (Jo 4.19b).

O que é importante aqui é perceber que é necessário entender que para a salvação é Deus a quem pertence o primeiro ato, pois estávamos mortos. Junto a isso devemos unir a revelação bíblica de que nenhum dos Seus planos podem ser frustrados (Jó 42.2b) e que só os desígnios do Senhor permanecem eternamente (Sl 32.11). Aqui podemos voltar a Rm 9.ss, onde Paulo afirmando a soberania divina contesta aqueles que tentam achar in justiça de Deus: Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? (Rm 9.14). E em Rm 9.15 ele cita as palavras da revelação de Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia. Paulo tem em mente que não há quem mereça a salvação, e que é por isso que não podemos ser justificados pelas obras, mas pela graça mediante a fé (Ef 2.8). Também aqui se torna inteligível o fato de que Deus elegeu Jacó antes mesmo de fazer bem ou mal (supra), pois não tendo possibilidade de salvação só pode ser salvo por uma eleição de Deus, já que somente Ao SENHOR pertence a salvação (Jn 2.9) e não ao homem.

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