sexta-feira, 10 de setembro de 2021

A Operação das Naturezas de Cristo e a Comunicação Idiomática

Em 1 Co 10.1-5 se diz que todos os israelitas no deserto beberam da mesma pedra espiritual que era Cristo, muito embora nem todos tivessem mesclado a esse ato a fé, daí que foram prostrados no deserto. Pois bem, se a "bebida" e a "comida espiritual" no deserto são predicadas pelo Apóstolo como sendo de Cristo, ou melhor: identificadas como o próprio Cristo, obviamente que ninguém ali bebeu ou comeu a natureza humana de Cristo, posto que nem havia havido à época qualquer encarnação, muito embora o apóstolo possa tomar a liberdade de assim dizer, já que as operações (energias) de ambas as naturezas divina e humana são atribuídas a uma pessoa só. Nesse sentido pode-se dizer que Deus deu a sua carne e seu sangue aos israelitas enquanto deu a eles a operação da salvação em uma época em que nem havia encarnação, pois se a natureza divina é onipresente, o Verbo de Deus se encontra em todos os momentos da criação. Da mesma forma, afirmamos que Deus morreu na cruz, mesmo que a morte seja impossível à natureza divina; no entanto assim falamos porque predicamos as operações da natureza humana, como o morrer, da pessoa de Cristo em quem se encontram unidas as naturezas divina e humana. Podemos, enfim, dizer que onde está a presença do Verbo eterno ali está, concretamente, a pessoa de Cristo, e podemos atribuir à pessoa as operações de ambas as naturezas, e tomar uma operação característica de uma natureza pelos atos da pessoa toda como se fosse realizada pela outra natureza; assim, se há presença espiritual de Cristo e dali fruímos de sua presença salvífica, comemos a carne e bebemos o sangue de Cristo no mesmo sentido de que falamos que "Deus nasceu" ou de que "Deus morreu na Cruz".

Nenhum comentário:

Postar um comentário