sexta-feira, 10 de setembro de 2021

Sócrates, a Injustiça de Estado e a Posição Conservadora

    Quando Sócrates estava para ser morto por uma morte injusta perpetrada pelo Estado, ele pediu aos seus discípulos que não intervissem ou que fizessem oposição revoltosa contra tudo o que estava acontecendo. Assim ele fez não porque considerasse o Estado de Atenas justo ou seus juízes, que aplicaram a ele uma sentença injusta, o padrão da medida, mas sim porque ele não queria ser razão de revolução alguma, dando pretexto para a matança.

    Os conservadores que ao longo dos séculos se inspiraram no exemplo do filósofo para fazer oposição a qualquer movimento político radical, assim fizeram não porque eram filisteus sem espírito que gozavam de satisfação com estado de coisas presente, mas porque sabiam que o remédio radical contra a doença poderia matar o corpo que antes eles pretendiam salvar, como é o caso com a Revolução Francesa.
    Obviamente que a ideia socrática era medida pela inteligência que sabe que o bem, estando até mesmo acima da verdade (no sentido daquilo que é explicado na República de Platão, e não no sentido da justificação da mentira), está também absolutamente acima de qualquer sanha furiosa embebida pela sede de vingança, convicta de que busca unilateralmente a aplicação da justiça, não levando em consideração que nessa toada eles estarão destruindo aquilo para o qual estão tentando trazer a salvação.

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