quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Comentário em Isaías 3.6-15: (עַמִּי֙ נֹגְשָׂ֣יו מְעוֹלֵ֔ל) O caos e a inversão: O juízo sobre Judá e Jerusalém (2ª Parte)

 Texto Hebraico de Isaías 3.6-15:

6 כִּֽי־יִתְפֹּ֨שׂ אִ֤ישׁ בְּאָחִיו֙ בֵּ֣ית אָבִ֔יו שִׂמְלָ֣ה לְכָ֔ה קָצִ֖ין תִּֽהְיֶה־לָּ֑נוּ וְהַמַּכְשֵׁלָ֥ה הַזֹּ֖את תַּ֥חַת יָדֶֽךָ׃
7 יִשָּׂא֩ בַיֹּ֨ום הַה֤וּא׀ לֵאמֹר֙ לֹא־אֶהְיֶ֣ה חֹבֵ֔שׁ וּבְבֵיתִ֕י אֵ֥ין לֶ֖חֶם וְאֵ֣ין שִׂמְלָ֑ה לֹ֥א תְשִׂימֻ֖נִי קְצִ֥ין עָֽם׃
8 כִּ֤י כָשְׁלָה֙ יְר֣וּשָׁלִַ֔ם וִיהוּדָ֖ה נָפָ֑ל כִּֽי־לְשׁוֹנָ֤ם וּמַֽעַלְלֵיהֶם֙ אֶל־יְהוָ֔ה לַמְרֹ֖ות עֵנֵ֥י כְבוֹדֹֽו׃
9 הַכָּרַ֤ת פְּנֵיהֶם֙ עָ֣נְתָה בָּ֔ם וְחַטָּאתָ֛ם כִּסְדֹ֥ם הִגִּ֖ידוּ לֹ֣א כִחֵ֑דוּ אֹ֣וי לְנַפְשָׁ֔ם כִּֽי־גָמְל֥וּ לָהֶ֖ם רָעָֽה׃
10 אִמְר֥וּ צַדִּ֖יק כִּי־טֹ֑וב כִּֽי־פְרִ֥י מַעַלְלֵיהֶ֖ם יֹאכֵֽלוּ׃
11 אֹ֖וי לְרָשָׁ֣ע רָ֑ע כִּֽי־גְמ֥וּל יָדָ֖יו יֵעָ֥שֶׂה לֹּֽו׃
12 עַמִּי֙ נֹגְשָׂ֣יו מְעוֹלֵ֔ל וְנָשִׁ֖ים מָ֣שְׁלוּ בֹ֑ו עַמִּי֙ מְאַשְּׁרֶ֣יךָ מַתְעִ֔ים וְדֶ֥רֶךְ אֹֽרְחֹתֶ֖יךָ בִּלֵּֽעוּ׃ ס
13 נִצָּ֥ב לָרִ֖יב יְהוָ֑ה וְעֹמֵ֖ד לָדִ֥ין עַמִּֽים׃
14 יְהוָה֙ בְּמִשְׁפָּ֣ט יָבֹ֔וא עִם־זִקְנֵ֥י עַמֹּ֖ו וְשָׂרָ֑יו וְאַתֶּם֙ בִּֽעַרְתֶּ֣ם הַכֶּ֔רֶם גְּזֵלַ֥ת הֶֽעָנִ֖י בְּבָתֵּיכֶֽם׃
15 מַלָּכֶם מַּה־ לָּכֶם֙ תְּדַכְּא֣וּ עַמִּ֔י וּפְנֵ֥י עֲנִיִּ֖ים תִּטְחָ֑נוּ נְאֻם־אֲדֹנָ֥י יְהוִ֖ה צְבָאֹֽות׃ ס

Tradução e Comentário:

6,7)

כִּֽי־יִתְפֹּ֨שׂ אִ֤ישׁ בְּאָחִיו֙ בֵּ֣ית אָבִ֔יו שִׂמְלָ֣ה לְכָ֔ה קָצִ֖ין תִּֽהְיֶה־לָּ֑נוּ וְהַמַּכְשֵׁלָ֥ה הַזֹּ֖את תַּ֥חַת יָדֶֽךָ׃
יִשָּׂא֩ בַיֹּ֨ום הַה֤וּא׀ לֵאמֹר֙ לֹא־אֶהְיֶ֣ה חֹבֵ֔שׁ וּבְבֵיתִ֕י אֵ֥ין לֶ֖חֶם וְאֵ֣ין שִׂמְלָ֑ה לֹ֥א תְשִׂימֻ֖נִי קְצִ֥ין עָֽם׃

     Quando um homem se achegar ao irmão dele e disser, na casa de seu pai: Tome essa roupara para ti, e seja um líder para nós. Toma esse monte de destroços sob tuas mãos. E naquele dia ele se levantará dizendo: Não sou médico, em minha casa não há alimento (pão), nem roupa alguma. Não me estabeleçam por príncipe do povo.

       A inversão continua a sua corrente devastadora. O cenário desenhado pelos vs. 6 e 7 evidencia a situação deplorável do futuro previsto por Isaías. Um homem chega ao seu irmão, da casa de seu pai, e lhe oferece vestes e também a liderança sobre a casa, pedindo que ele tome, como líder (קָצִ֖ין), o monte de destroços (הַמַּכְשֵׁלָ֥ה) sob as mãos suas (יָדֶֽךָ). O fato mesmo é que a resposta deste irmão representa o profundo abandono de Deus, como que deixando sem qualquer princípio de governo aquilo que está em ruínas. Em situações normais qualquer um entenderia como privilégio o convite para liderar e não como um agouro temível. Mas em tempos de calamidade e dificuldade, aqui figurados como um monte de destroços, o estado de coisas está acima da capacidade de qualquer governo. E sem um princípio de direção, o que vemos é um corpo político como que descabeçado, e, nesse sentido, ausente de qualquer direção. O irmão diz que não é o que ata - um médico - (חֹבֵ֔שׁ), nem tem posse de alimento (לֶ֖חֶם) em casa e nem mesmo roupa (שִׂמְלָ֑ה), e assim evidencia seu desinteresse absoluto por ser chefe do povo (קְצִ֥ין עָֽם).

8, 9-12)

כִּ֤י כָשְׁלָה֙ יְר֣וּשָׁלִַ֔ם וִיהוּדָ֖ה נָפָ֑ל כִּֽי־לְשׁוֹנָ֤ם וּמַֽעַלְלֵיהֶם֙ אֶל־יְהוָ֔ה לַמְרֹ֖ות עֵנֵ֥י כְבוֹדֹֽו׃
הַכָּרַ֤ת פְּנֵיהֶם֙ עָ֣נְתָה בָּ֔ם וְחַטָּאתָ֛ם כִּסְדֹ֥ם הִגִּ֖ידוּ לֹ֣א כִחֵ֑דוּ אֹ֣וי לְנַפְשָׁ֔ם כִּֽי־גָמְל֥וּ לָהֶ֖ם רָעָֽה׃
אִמְר֥וּ צַדִּ֖יק כִּי־טֹ֑וב כִּֽי־פְרִ֥י מַעַלְלֵיהֶ֖ם יֹאכֵֽלוּ׃
אֹ֖וי לְרָשָׁ֣ע רָ֑ע כִּֽי־גְמ֥וּל יָדָ֖יו יֵעָ֥שֶׂה לֹּֽו׃
עַמִּי֙ נֹגְשָׂ֣יו מְעוֹלֵ֔ל וְנָשִׁ֖ים מָ֣שְׁלוּ בֹ֑ו עַמִּי֙ מְאַשְּׁרֶ֣יךָ מַתְעִ֔ים וְדֶ֥רֶךְ אֹֽרְחֹתֶ֖יךָ בִּלֵּֽעוּ׃ ס

    Porque Jerusalém cambaleia e Judá cai. Porque a língua e as obras deles são contra o Senhor, para afrontarem a sua gloriosa presença. Os aspecto do seu rosto testifica contra eles; e, como Sodoma, publicam seus pecados e não os encobrem. Ai de suas almas! Porque haverá retribuição da sua maldade. Digam ao justo que lhes bem irá, pois comerão do fruto de suas ações. Ai do perverso! Mau lhe irá; porque receberão a paga por aquilo que suas mãos fizeram. Os opressores do meu povo são crianças e mulheres exercem domínio sobre ele. Oh! Meu povo! Os que te guiam te fazem tropeçar e destroem o caminho por onde vocês devem seguir.

    O versículo 8 estabelece uma relação interessante. A capital balança e o reino inteiro cai. Aqui estamos temos um texto que vai para além do paralelismo poético típico da literatura hebraica, pois aqui há a descrição de um fato político na relação entre o centro de poder e a periferia. Certamente que uma capital, por concentrar mais poder, é mais robusta para suportar uma crise, mas também tem capacidade de reverberar sua insensatez de forma mais poderosa do que as regiões que estão sob o seu governo. E porque isso ocorre? Pois a língua e as obras deles são contra o Senhor (כִּֽי־לְשׁוֹנָ֤ם וּמַֽעַלְלֵיהֶם֙ אֶל־יְהוָ֔ה). E como veremos, vários desvios em relação aos preceitos do Senhor geram catástrofe.

    O nosso modo um tanto quanto nominalista e atomizado de pensar não raro estabelece uma divisão desnecessárias entre a dinâmica da nossa história e os preceitos divinos, ou a ação divina. Mas devemos pensar que, ao invés disso, a Escritura tem uma visão mais unitária do mundo, relacionando cada fato e realidade histórica com Deus. Assim, se a língua (לָשׁוֺן) e as obras deles (מַֽעַלְלֵיהֶם֙) são contra YHWH (אֶל־יְהוָ֔ה), tudo consequentemente vai pelos ares. É interessante notar que a palavra obras deles é formada pela raiz עלל, raiz que constitui também a palavra תַעֲלוּלִ֖ים do vs. 4 que traduzimos como maus tratos, ou mesmo crianças. É certo que palavras de raízes idênticas possuem sentidos distintos na língua hebraica. Não obstante, é bem possível que o gênio poético do profeta Isaías, inspirado pelo Espírito, tenha colocado palavras idênticas para sacar daí um certo sentido, pois podemos ver que o uso das palavras com a raiz עלל estão sendo usadas neste bloco textual em um sentido evidentemente negativo. Assim, as obras deles (מַֽעַלְלֵיהֶם֙) e a língua (לָשׁוֺן) são contra YHWH, para afrontarem (לַמְרֹ֖ות) aos olhos da (עֵנֵ֥י) glória dele (כְבוֹדֹֽו). Portanto, seus feitos são atrevimentos contra Deus, e disso resulta a sua miséria e, então, Jerusalém cambaleia e Judá cai.            

    Também os pecados do povo estão estampados no aspecto do (הַכָּרַ֤ת) rosto deles (פְּנֵיהֶם֙), quase formando um discurso de confissão de culpa, o que incrivelmente não impede o avanço da rebelião desse povo que resulta na publicação da sua transgressão como Sodoma (כִּסְדֹ֥ם), ou seja, sem ao menos qualquer afetação de pudor, o que faria eles corar de vergonha dos seus atos. Trata-se da maldade que descamba sem atrito. São aqueles que, ao contrário dos hipócritas, convertem sua maldade numa segunda natureza. Então um Ai: "Ai (אֹ֣וי) da vida deles (לְנַפְשָׁ֔ם). Pois farão mal a si mesmos (כִּֽי־גָמְל֥וּ לָהֶ֖ם רָעָֽה)". Anunciem (אִמְר֥וּ) ao justo (צַדִּ֖יק), pois bem (כִּי־טֹ֑וב) irá, pois o fruto (כִּֽי־פְרִ֥י) das ações deles (מַעַלְלֵיהֶ֖ם) eles comerão (יֹאכֵֽלוּ). Interessante que aqui o ações deles (מַעַלְלֵיהֶ֖ם) é uma palavra com a raiz עלל, a mesma que forma as palavras com sentido evidentemente negativo que apontamos anteriormente. Contudo aqui há um sentido positivo que no contexto em questão significa obras. Mas já no vs. 11 temos: Ai (אֹ֖וי) para o ímpio (לְרָשָׁ֣ע) mau (רָ֑ע)! Pois haverá (será feita = יֵעָ֥שֶׂה) retribuição (Porque retribuição = כִּֽי־גְמ֥וּל) às obras (יֵעָ֥שֶׂה) das suas mãos (יָדָ֖יו).

    Toda a torção provocada pelo pecado e pelo levante contra Deus reverbera na realidade: aqueles que oprimem (נֹגְשָׂ֣יו) são crianças (מְעוֹלֵ֔ל) e mulheres (וְנָשִׁ֖ים) governam (מָ֣שְׁלוּ) "meu povo" (עַמִּי֙). O pecado afeta a razão e a disposição em ordenar as coisas: os governantes são tanto imperitos, ou quem não tem capacidade de liderar direito, quanto mulheres. A sensibilidade contemporânea pode se sentir agredida com esses versículos. Mas no contexto geral do bloco textual o que o profeta deseja expressar é que há uma ordem de coisas estabelecida por Deus, e que essa ordem está flagrantemente fragmentada e cada coisa ocupa um lugar indevido: homens rejeitam o governo (cf. vs. 6, 7) , crianças tomam a direção das coisas e mulheres vão à frente, enquanto homens se omitem em períodos de calamidade. E toda essa torção é provocada pela indignidade da ação perversa dos cabeças, os anciãos e chefes do povo. A inversão da ordem, é resultado do levante contra Deus. Obviamente que quem deixa a cargo de crianças, ou imperitos, peca por maldade e negligência. E quando homens se omitem em tempos de calamidade, não assumindo sua função de liderança em tempos difíceis, abrem espaço para que mulheres sejam sacrificadas. Há um erro em tudo isso, erro resultante da inversão pecaminosa de todas as coisas e no descumprimento dos preceitos vindos dos "cabeças do povo".

    E o profeta continua: Oh, povo meu (עַמִּי֙)! Os que te governam (מְאַשְּׁרֶ֣יךָ) te fazem vaguear embriagado (מַתְעִ֔ים) e confundem (בִּלֵּֽעוּ) o caminho (דֶ֥רֶךְ) das tuas veredas (אֹֽרְחֹתֶ֖יךָ). Assim, nesse vaguear embriagado (מַתְעִ֔ים) Jerusalém tropeça e Judá cai, o centro cambaleia e os fracos são destruídos.

13, 14, 15)

נִצָּ֥ב לָרִ֖יב יְהוָ֑ה וְעֹמֵ֖ד לָדִ֥ין עַמִּֽים׃
יְהוָה֙ בְּמִשְׁפָּ֣ט יָבֹ֔וא עִם־זִקְנֵ֥י עַמֹּ֖ו וְשָׂרָ֑יו וְאַתֶּם֙ בִּֽעַרְתֶּ֣ם הַכֶּ֔רֶם גְּזֵלַ֥ת הֶֽעָנִ֖י בְּבָתֵּיכֶֽם׃
מַלָּכֶם מַּה־ לָּכֶם֙ תְּדַכְּא֣וּ עַמִּ֔י וּפְנֵ֥י עֲנִיִּ֖ים תִּטְחָ֑נוּ נְאֻם־אֲדֹנָ֥י יְהוִ֖ה צְבָאֹֽות׃ ס

    Yahweh se dispõe a lutar; Aquele que permanece se posiciona para sentenciar os povos. Yahweh entra em juízo contra os anciãos e os chefes do povo. Vocês são os que devastaram essa vinha; o que vocês roubaram do oprimido está na casa de vocês. O que há com vocês que destroçam o meu povo e esmagam a face dos pobres?

    Diante desse cenário caótico, o YHWH se levanta, ou se posiciona (נִצָּ֥ב) para defender uma causa (לָרִ֖יב). E o que permanece (וְעֹמֵ֖ד) para sentenciar (לָדִ֥ין) os povos (עַמִּֽים).

    Há coisas interessantes a se analisar nesse versículo nº 13, além daquilo que já analisamos quando tecemos alguns comentários sobre a relação do nome de Deus apresentado pelo profeta Isaías (אָדֹ֜ון) com os verbos רִ֖יב e דִ֥ין no vs. 1. Em relação a isso, obviamente que temos a profecia da manifestação futura de Deus querendo prestar contas com base na justiça (מִשְׁפָּ֣ט). E sentenciar (דִ֥ין) é parte disso. Mas podemos inferir que há um nome de Deus, que é (עֹמֵ֖ד) o que permanece, e isso é bem conveniente, pois no versículo anterior o profeta lamentou que os dirigentes fazem cambalear (מַתְעִ֔ים), e que YHWH עֹמֵ֖ד permanece. A oposição semântica traz à luz um significado belo da mensagem, que enquanto os dirigentes fazem cambalear Jerusalém e cair Judá, o Senhor é o que permanece, e É, se mantendo invariável e imutável em meio à variação cambaleante dos dirigente. É isso o que o possibilita a justiça, pois YHWH é justiça eterna, invariável diante da "justiça" embriagada dos homens que deveriam ser justos, mas falham.

    Assim YHWH entra em juízo contra os velhos (עִם־זִקְנֵ֥י) e os príncipes (וְשָׂרָ֑יו). Pois esses, os anciãos e os príncipes, dos quais se espera a ordem e o bom governo, veio apenas a devastação da vinha e a espoliação dos pobres. O roubo do trabalho do pobre (עָנִ֖י) estava nas casas deles (בְּבָתֵּיכֶֽם), aqueles que deveriam governar descentemente o povo segundo os preceitos de YHWH. E então YHWH faz a arguição: O que tem vocês (מַלָּכֶם) que destroçais (תְּדַכְּא֣וּ) meu povo (עַמִּ֔י) e macetam (תִּטְחָ֑נוּ) a face dos (וּפְנֵ֥י) pobres (עֲנִיִּ֖ים)? Essa arguição é uma reclamação da justiça, e casa com o que dissemos no vs. 1 em relação ao nome divino apresentado nesse vs. 15, onde YHWH Tsevaot também é chamado de אֲדֹנָ֥י ('adonay) a quem, como vemos aqui, pertence o oráculo (נְאֻם), significando-o completamente.

    Deus julga os pobres e defende sua causa, algo que se relaciona com o todo a mensagem da Escritura, pois na LXX (Septuaginta), neste mesmo versículo, o termo que traduzimos por pobre (עני), que no hebraico se refere mais especificamente ao oprimido, injustiçado e despossuído, é πτωχων (ptochon), que é uma variante na LXX - que encontramos também em Amós 2.7 etc. - da palavra πτωχος (ptochos). Em Lc 6.20 encontramos os pobres bem-aventurados com o termo grego πτωχοὶ, onde πτωχοὶ (ptochoi) é traduzido por pobres, e são estes os µακάριοι (makárioi), ou os bem-aventurados, pois tem Deus ao seu lado. E podemos finalizar dizendo que Isaías apresenta a revelação divina afirmando que quem fala é אֲדֹנָ֥י ('adonay), que como já enfatizamos é um título divino cuja raiz remonta a דִ֥ין (dîn), sendo a tradução de דִ֥ין algo como julgar, sentenciar, pleitear ou mesmo defender. Assim, este é o Deus que julga e julga sempre a favor do injustiçado, oprimido e do empobrecido em função da injustiça, pois Deus é justo e solícito com aquele que só n'Ele pode encontrar amparo e esperança, quando no mundo e no seu próximo só encontrou a fúria predatória, o que aponta para o fato de que esse mundo e esse próximo nem amparo e nem esperança podem oferecer.

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