domingo, 31 de outubro de 2021

A Reforma, a Palavra, o Paradigma da Unidade e a Realidade da Pluralidade

    A Reforma existe para nós, evangélicos/protestantes, como um evento que sinaliza tanto a primazia da Escritura sobre toda consideração humana - Escritura que deve levar a nossa mente cativa a Cristo -, como também a verdade de que a graça se eleva eternamente acima das nossas obras, ou seja, sinaliza a soberania da Palavra e a misericórdia do perdão dos pecados e santificação.

    Mas além disso a Reforma é um evento de crise e também de autocrítica à luz da palavra de Deus, e posso dizer, à luz da definição da Igreja feita pelos holandeses como Ecclesia reformata et sempre reforma da est, que a Reforma deveria sinalizar, mesmo para os mais conservadores dos cristãos, o fato de que é sempre possível em um mundo fragmentário um discernimento superior a respeito da vontade de Deus.

    Se por um lado a Palavra é um princípio eternamente fixo, tal princípio ilumina um mundo móvel que pode sempre ser formado e reformado pela Palavra, incluindo um dos principais mundos que é o intelecto e o coração dos homens. Esse princípio é importante e deve ganhar sempre mais relevância à luz da unidade desejada por Deus aos cristãos no contexto de uma pluralidade de Igrejas, contexto que deveria pôr em nossa mente o fato da não perfeição das igrejas.

    Mesmo com todos os perigos que isso pode acarretar, devemos considerar isto atenta e firmemente: a Reforma continua, pois a continua sempre a obrigação de nos considerarmos à luz da Palavra, da presença do Espírito e da obra de Deus através da Palavra. E mesmo que a perversão dos homens possa vir a deturpar o fato de que a Reforma continua, devemos considerar essa verdade sempre à luz da unidade dos fiéis pelos quais Cristo entregou sua vida.

    Se o desejo da unidade é aquilo que podemos não ver cumprido em vida, nem por isso devemos deixar de orar para que o paradigma da unidade ganhe concreção entre nós, não a unidade na mentira, mas sim aquela que se faz segundo a verdade do Senhor, o qual nos aponta o caminho: Com isso todos saberão que vocês são meus discípulos, se vocês se amarem uns aos outros (Jo 13.5).

    Senhor, nos conduza, pela verdade e pela graça, à unidade amada e desejado pelo Senhor!

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