sexta-feira, 22 de outubro de 2021

As Setenta Resoluções de Jonathan Edwards: 8ª Resolução

8ª Resolução. Resolvi agir, em todos os aspectos, tanto no falar quanto no agir, como se ninguém fosse tão vil quanto eu, e como se eu tivesse cometido os mesmos pecados, ou tivesse as mesmas fraquezas ou falhas dos outros; e que eu deixarei que o conhecimento de suas falhas não promova outra coisa senão vergonha em mim mesmo, aproveitarei esta ocasião para confessar meus próprios pecados e miséria a Deus.

     Essa oitava resolução deve ser bem discernida em função de possíveis equívocos que podemos eliminar já de início: a fé cristã rejeita qualquer forma de autodepreciação e diminuição deliberada de si mesmo. Isso ocorre por um motivo que tem em um fundamento da fé o seu amparo: a verdade. Para agradar a Deus ninguém tem qualquer necessidade de diminuir a si mesmo. E tendo a verdade como ponto de partida podemos especificar: com Deus o único meio eficaz de relação é estabelecido pela verdade e isso significa que não precisamos fazer considerações a respeito de nós mesmos como se fôssemos piores do que somos ou melhores do que somos. 

    Com isso destacado podemos considerar essa resolução em sua intencionalidade fundamental: a consideração que temos a respeito de nós perpassa tanto pela presença de virtudes, assim como pelo nosso estado de Queda. O pecado constitui atualmente aquilo que somos, e considerar a nossa humanidade por esse ângulo é fundamental para uma postura de humildade. É partindo de nós e de nossa situação atual que podemos considerar todas as coisas, incluindo o pecado alheio. 

    Não existe nenhuma exigência para que sejamos cegos para os erros alheios, pois, como dizemos acima, a verdade é uma categoria fundamental de relacionamento com Deus, e pelo fato de sermos imagem de Deus a forma da relação que estabelecemos com o nosso próximo também é a verdade. Não podemos furtar a verdade do nosso próximo - cuidando nisso da conveniência. Ninguém tem necessidade de mentir para falar com o próximo, e também ninguém precisa mentir para si. Assim, a resolução que diz que na consideração do pecado alheio jamais devemos nos esquecer dos nossos pecado. O pecado rebaixa, e rebaixa todos nós, e por isso a consideração do nosso próximo deve ser profundamente preenchida por indulgência, misericórdia. É necessário um olhar indulgente que evite a cegueira para nós mesmos, incluindo para os nossos pecados. 

    Diante disso, podemos evitar dupla cegueira: a cegueira para o erro dos outros e a cegueira para com os erros nossos mesmos. Assim, as falhas alheias onstituem uma oasião muito propícia para a consideração a respeito de nós mesmos. Uma vida meditada, consciente e esclarecida é, certramente, um requisito importante para a aquisição de uma vida mais cordial, justa, misericordiosa, honesta e verdadeira, e o exame de si (1Co 11.28) para isso é absolutamente fundamental.

    Tendo todas essas coisas em vista, façamos o compromisso para que a consideração do pecado alheio exerça em nós a função de criar uma oportunidade para confessarmos a nossa própria miséria dainte de Deus.

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