segunda-feira, 25 de outubro de 2021

As Setenta Resoluções de Jonathan Edwards: 9ª Resolução

 9ª Resolução: Resolvi meditar bastante, em todas ocasiões, sobre minha própria morte e sobre circunstâncias comuns relacionadas à morte.

    A 9ª resolução pode parecer um tanto quanto sombria, principalmente em uma cultura de igreja que é um tanto quanto atrofiada na ênfase sobre o aspecto da vitória, prosperidade etc., ou seja, quanto ao aspecto positivo da fé - aspecto não raramente enfatizado de forma errada e perniciosa para a fé cristã. Se tornou comum no nosso mundo viver como se não tivéssemos que morrer - e a quantidade de entretenimento e distração que nos afogam hoje parece querer colocar a verdade sobre a nossa vida no esquecimento - o que inclui a verdade da morte. No entanto a morte continua a ter um aspecto profundamente importante em nossa vida, pois esse evento é uma fronteira que divide, para todo homem, o tempo e a eternidade. Por este ângulo, é realmente após a morte que o homem inicia a verdadeira vida, aquela vida que jamais terá fim.

    Possivelmente um dos textos da Escritura que mais demarcam a importância da realidade da morte para nós é o texto de Eclsiastes 7.2 onde é afirmado que: Melhor é ir à casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete; porque naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração. O que é que os vivos aplicam ao seu coração na casa do luto? O aspecto da finitude que nos demarca. Certamente que a prudência nesse tipo de evento aflora e ganha certo reforço; evidentemente que na casa do luto nos tornamos mais resolutos quanto ao cuidado de si. Coisas assim ocorrem porque o homem é confrontado tanto com a necessidade do cuidado de si na vida, quanto sobre a prestação de contas que todos estamos sujeitos após a morte. É afirmado na Escritura que após a morte segue-se o juízo (Hb 9.27).

    Mas a morte, como evento, não tem o mesmo significado para todas as pessoas, pois sob a luz da fé ela ganha um significado totalmente novo. Paulo exorta os cristãos à esperança, quando diz: Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como também os demais, que não têm esperança (1Ts 4.13). Sua fala alicerça a esperança na Segunda Vinda de Cristo e sinaliza um significado distinto do evento da morte para aqueles que tem fé. De fato, a própria morte de Cristo, que é onde Deus nos concede as graças fundamentais para a nossa salvação, transforma o significado da morte para aqueles que crêem. É importante ter em mente que a morte é sim um evento catastrófico que tem entrada no mundo como uma consequência direta do pecado; mas Deus, que é sábio e poderoso, usa de algo que é mal para o homem como meio para produzir algo bom. Assim, para a nossa salvação, Deus não abole a morte, mas a transforma, tornando-a um meio de concessão, para nós que cremos, da vida eterna. Sob Cristo somos iluminados para um novo significado de vida.

    Com base em tudo isso, o que o pastor J. Edwards propõe tem múltiplas utilidades, pois por meio da meditação sobre a morte e sobre as circunstâncias comuns a ela podemos exercitar várias coisas: 1) a consciência sobre um viver sóbrio, nos preparando para esse evento em relação a tudo afim de nos vermos livres de uma morte infame ou da morte no pecado (coisa que redunda em condenação); 2) o reforço da consciência de que a vida tem um limite e que é preciso saber aproveita-la bem, não a desperdiçando com atos contrários à vontade de Deus; 3) o exercício da coragem reforçada por uma fé que, em tudo, é maior do que todas as coisas, incluindo a ameaça da morte; 4) o exercício da oração pela qual pedimos a Deus forças durante todo o curso da vida para enfrentarmos esse evento em relação a nós e em relação àqueles que amamos; 5) o fortalecimento da nossa mente e do nosso espírito para e enfrentarmos corajosamente a verdade da nossa vida.

   Que o Senhor nos dê sabedoria, e nos ensine que esse tipo de meditação proposta pelo pastor tem mais relação com saber viver sóbria, honesta e alegremente, reforçando a gratidão a Deus em nosso coração, do que uma intenção em nos enterrar em pensamentos sombrios. Que sejamos sábios no viver para que nada temamos no morrer.


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