quarta-feira, 5 de agosto de 2020

À Mesa com Abraão, Isaque e Jacó

   Em Mt 8:5-13, a passagem do centurião, temos uma das mais contundentes afirmações dos Evangelhos, que é: os herdeiros do reino serão lançados fora, enquanto que aquele que creu será comensal de Abraão, Isaque e Jacó.

   Cristo contesta aqui todo o sentimento de pertença morto e não preenchido por uma vida ativa de fé. Sendo assim, o sentimento de pertença à aliança dos contemporâneos de Jesus não acompanhado pela fé e pelo amor ativo é falsa confiança. No entanto, os desprezados que se encontram para além da pertença à família física de Abraão, mas que crêem, esses são de fato os filhos de Abraão.

   Em Jesus é óbvia a diferenciação do conceito de pertença a Deus, pois nele a herança física, a pertença ao Israel histórico é nada em comparação com a fé que funda e sustenta o próprio Israel. Nesse sentido a pertença passa a ser a pertença no Espírito, elevando o conceito de aliança à sua diferenciação, porque não mais estabelecida na carne, mas na realidade superior do Espírito.

   É nesse sentido que interpretamos essa passagem, já que a comensalidade, a participação à mesa com Abraão, Isaque e Jacó, não é meramente a participação de alimentos, mas é a comum participação, pela fé, na graça absoluta ou nos alimentos eternos e espirituais por meio dos quais temos acesso à unidade com Deus, enquanto que os negligentes e mortos no espírito, mesmo que convencidos de sua pertença a Deus, estarão fora do Reino no qual se participa pela fé.

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