segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Será que Estou Mentindo?

    "Afirmar Nicéia e Calcedônia é negar a possibilidade de separação real entre o Pai e o Filho. É verdade que nem todos os que aderem à teoria da SP chegam a afirmar essa separação, mas atenção: o rompimento de comunhão entre Deus e o homem (afastamento, alienação) é a consequência mais importante do pecado, e todas as demais são decorrentes, sintomas dela, às vezes metáforas dela. Se Cristo não sofreu essa consequência, ele não sofreu, como substitutivo, as consequências do pecado". (MONTENEGRO, Gyordano. Punido pelo Pai? / editado por Jadson Targino. 1 ed. João Pessoa: Publicações Digitais Independentes. 2020, Jesus Sofreu a Ira de Deus? [Parte 6]).

    Não quero me estender sobre esse assunto, mas tenho que me declarar. Quando afirmei que o rev. disse que a substituição penal implica em morte espiritual - a separação do Pai e do Filho na cruz -, estava me referindo a afirmações como essas. A aplicação da lógica àquilo que vai escrito acima é simples. Basta retirar os "nãos" da seguinte frase: "Se Cristo 'não' sofreu essa consequência, ele 'não' sofreu, como substitutivo, as consequências do pecado", que ficaria assim: "Se Cristo sofreu essa consequência [da separação entre o Pai e o Filho - o que infringe Calcedônia e Nicéia], ele sofreu, como substitutivo, as consequências do pecado". Note que no texto ele está se referindo à substituição penal, e em específico ao artigo sobre a substituição, ao qual damos a nossa anuência e que ele diz necessariamente desembocar em separação entre o Pai e o Filho. Isso não é invenção da minha cabeça, é o que está escrito a cima.

    Ou seja: se nós afirmamos que Cristo morreu como substitutivo, sofrendo a pena a nós devida - no sentido do peso da pena -, sofrendo em seu corpo as consequência do pecado - as defecções -, então, segundo o rev. Gyordano, é necessário afirmar a separação real de Deus Pai e o Deus Filho. A questão é que essa consequência radical não foi afirmada pela teologia reformada, já que o Filho assume uma pena qualitativa que não o faz desmanchar em sua justiça, em sua fé, esperança e amor ao Pai. Não basta afirmar que estou mentindo sobre o rev. ter afirmado que a SP implica em morte espiritual, basta afirmar as consequências lógicas desta afirmação feita em objeção à teologia sustentada pela teologia reformada e confeccionada por pessoas como Calvino, Zanchius, Turrentini etc., para entendermos a questão.

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