quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Fascismo e Modernidade

   Muitos não tem a mínima noção de que o movimento fascista foi como um movimento de vanguarda cultuado por gente ilustrada mundo afora, sendo considerado mesmo um movimento cult - como pensava o poeta e Bernard Shaw -, movimentando grifes, moda vestuária, influenciando as artes e também a arquitetura no início do século XX.

   Uma das coisas que certamente vai causar horrores a muita gente é saber que o movimento artístico chamado Futurismo era como que o movimento que condensava em si a estética fascista, e cujo discurso nada mais era do que uma glorificação da modernidade, da industrialização, manifestando insuspeita antipatia por aquilo que chamava de "passadismo", apego às tradições arcaicas, ao prosaísmo pequeno burguês e à estética interiorana.

   Na arquitetura o fascismo era representado pelo movimento chamado "brutalista", cujo maior expoente foi o suíço Lecorbusier, o qual seguindo o futurismo tinha toda aquela ideia que vingou na arquitetura moderna com auto-estradas gigantes e construções de concreto, aço e vidro, conjuntos habitacionais formados por prédios semelhantes a colmeias e que tinham como fim a destruição da configuração das antigas cidades europeias com a sua arquitetura gótica e prosaica, sem grandes prédios verticais, levando essas antigas cidades de vez para a modernidade industrial. Um sonho bem excêntrico de Lecorbusier era a destruição do centro histórico de Paris.

   Incrivelmente Brasília foi pensada segundo a arquitetura de Lecorbusier, junto com a noção de "bairro de ofícios" e prédios habitacionais etc. E da mesma forma é possível entender o quanto a engenharia civil e a arquitetura encamparam a estética fascista que, em sua raiz, é sustentada por um culto ao gigantesco, à glória e ao poder característicos da modernidade pós-iluminista pouco habituada a um estética rural e interiorana.

   Fascismo é tudo, menos um movimento passadista, "reacionário", "cristão", e faz mais parte da tecitura imaginativa dos antifascistas modernos do que eles imaginam.

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