quinta-feira, 6 de agosto de 2020

As Obras e a Justificação

    É interessante que João Crisóstomo ensina que "obras da lei" é qualquer obra possível, e que por obras homem nenhum pode ser justificado diante de Deus. Justificação é por fé e essa é o meio receptor da graça que Cristo conquistou por todos nós em sua vida e no alto do madeiro, onde ele destrói a nossa maldição, tornando possível para nós a posse do Espírito prometido que ele nos derrama após a ressurreição.

    É a interpretação mais correta da ideia de "obras da lei", já que é estranho Paulo em Rm 8 afirmar que a enfermidade da lei é a "carne humana", se isso não implicasse que o homem não pode, nem depois do batismo ou da fé, deixar de lado a concupiscência pela qual ele cobiça, assim como pensa mal sobre tudo quanto é coisa.

    Aliás, essa é a mesma interpretação de Santo Agostinho que afirma que homem algum pode ser perfeito nesta vida, entendendo que a perfeição humana ainda é imperfeição diante de Deus, e que apesar de nossa culpa ser extinta na justificação, ainda permanece a pena do pecado que ele nomeia "fonte de pecados" e concupiscência.

O desespero da monstruosidade da incerteza quanto à consolação da justificação (como diriam dogmaticos luteranos como um Johan Theodore Muller) é o único caminho de quem colocou as obras como requisito da justificação. Ou a justificação é independente de obras, ou alguém jamais alcançará a justificação e o prêmio da justificação, que é a visão eterna de Deus.

    Realizar obras aceitáveis diante de Deus requer justificação - pois a fé opera pelo amor -, o que é diferente de dizer que a obra é necessária e requisito para a justificação. E aqui vemos como alguns se põe metas impossíveis de alcançar sem ter parado para pensar direito sobre o ponto central da questão.

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