quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Por Que a Nossa Oração é a Oração de um Filho de Deus?

    A oração cristã possui também uma teologia, e uma das mais belas teologias, já que ela possui por base a noção de que em toda oração que fazemos há alguém nos antecede, nos segura e aperfeiçoa aquilo que oramos, entregando essa oração aperfeiçoada para o Deus Eterno.

    Essa é a ideia de mediação, e é em função dessa mediação que a eficácia da nossa oração é garantida como uma oração feita pelo Filho de Deus. Falando claramente a mediação é o ato de alguém que está no meio, entre uma realidade e outra, é o ato de realizar o trânsito entre uma coisa e outra, e no caso em questão o trânsito entre os homens e Deus. Esse trânsito qualificado, essa mediação, é possível por causa do Cristo em quem o Pai ligou para todo o sempre os céus e a Terra.

    Aqui há a ideia belíssima e fundamental da fé cristã: Cristo é o ponto de destaque da revelação divina, o ponto de intersecção entre o mundo dos homens e mundo de Deus. Eternidade e temporalidade estão unidas em sua pessoa, e a oração que fazemos no tempo está habilitada a transitar para Deus nesse ponto de intersecção como se fosse a própria oração da pessoa divina e humana de Cristo, o nosso mediador eterno.

    Na questão em que nos detemos, a partir do que foi dito, é possível compreendermos isto: ao mediar a nossa oração, Cristo faz das nossas orações a sua própria oração; é aqui se desvela a razão pela qual nossa oração é a oração de um filho de Deus, pois tal oração é (re)feita, por nós, pelo próprio Filho de Deus que aperfeiçoa o nosso orar, já que não sabemos orar como convém.

    A Escritura nos afirma que ao colocarmos a nossa fé em Cristo, somos unidos a Cristo e ao Pai - no amor do Espírito Santo - e recebemos com isso o dom da filiação, já que ao nos unirmos a Cristo pela fé e pelo batismo o que é de Cristo também passa a ser nosso, e o que é nosso é passa a ser perfeito pela justiça de Cristo.

    E por fim, é aqui a própria ideia da imputação da justiça de Cristo pode ganhar evidência solar - muito para além do perigo do descarrilamento alienador da linguagem jurídica que a noção de imputação pode envolver -, pois ao interceder por nós diante do Pai, Jesus Cristo eleva a nossa oração à justiça suprema, já que a nossa oração é a oração de Cristo e a oração de Cristo é, por graça amorosa, a nossa oração.

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