Após o Dilúvio Noé e sua família, como os únicos da espécie humana, receberam uma aliança divina, uma benção que possuía as famosas duas partes de benção/direitos e deveres. Entre as bênçãos/direitos estavam: a fecundidade, o domínio sobre os animais e o direito de se alimentar de toda erva e carne. Entre do deveres estavam: a proibição de comer o sangue e a proibição do assassinato sob pena da morte do assassino. Esse último dever desenha algo importante sobre o valor do sangue no Antigo Testamento como o portador da vida, e já explica os ritos de expiação dos pecados que se tornarão determinantes no Antigo Testamento. Assim, a pena pelo derramamento do sangue seria o derramamento do sangue como permuta satisfatória do esvaziamento da vida do assassino em razão do ato do assassinato. Também explica a razão pela qual o autor de Hebreus assevera: sem derramamento não há remissão (Hb 9.22), onde o sangue de Jesus é dado por nós em substituição do derramamento do nosso sangue.
Como sinal da aliança Deus criou o arco celeste, ou o arco-íris como promessa que jamais iria fazer perecer o mundo sob as águas. Essa narrativa é interessante porque ela quebra com os mitos do antigo-oriente dos caos cíclico, como o mito babilônico que compreendia que de tempos em tempos a história se repetia, se iniciando após um caos diluviano e perecendo também pelo dilúvio, repetindo esse processo infinitamente. A fé do Antigo Testamento destrói com a percepção cíclica da história, estabelecendo no seu lugar uma visão progressiva de história. Para a fé cristã o dilúvio é uma etapa da história após o qual seguirá o seu curso, sendo consumada com a segunda vinda de Jesus, sem que esse processo seja repedido, ou seja, a história não se repete, mas avança para um fim. A mesma coisa com a salvação: a salvação não é a restauração da vida adâmica pré-lapsária (antes da queda), mas o avanço a uma realidade melhor pela recepção de um corpo espiritual.
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